Não pude ver hora mais apropriada para retornar aos escritos aqui em nosso blog do que às vésperas de comemorarmos 494 anos da tão preciosa Reforma Protestante deflagrada pelo monge agostiniano, o impetuoso alemão Martinho Lutero, que não pode ficar calado e indiferente diante da flagrante corrupção da Palavra de Deus por meio dos líderes da igreja daqueles dias, que para Lutero chegou ao seu limite com a generalizada venda das indulgências (um tipo de absolvição comprada tanto para vivos como para mortos), que foi especialmente usada pelo liderança maior da igreja para encher seus cofres e financiar projetos megalomaníacos (parecidos com as mega-igrejas de nossos dias).
Mas a hora é especialmente apropriada para falar do assunto porque em nossos dias as Escrituras tem sido também desprezadas e corrompidas, seja pelas novas teologias que proliferam pelo nosso país; seja pela pregação rasa e carente de conteúdo bíblico e evangélico que prevalece em muitas igrejas e especialmente pela TV; seja pela indiferença e desconsideração que há pelas Escrituras em nossas igrejas, que se dizem mais sérias e mais bíblicas ou seja, finalmente, pela incoerência entre fé e prática que parecem ter se tornado a regra e não mais a exceção em nossos arraiais.
Se Lutero vivesse em nossos dias, e em meio à igreja evangélica brasileira, evidentemente ele não mais combateria as indulgências, mas certamente ficaria constrangido com a pouca consideração que continuamos a ter pela Escritura e certamente entenderia a necessidade de uma nova reforma ou, como tem sido chamada, de um novo retorno á Palavra de Deus.
Que somos frequentemente carentes de reformas, os próprios líderes cristãos do século XVI e seus seguidores deixaram claro ao nos deixar o princípio do “Eclesia reformata semper reformanda est”, pelo simples motivo de que deste lado da eternidade, mesmo já sendo a santa igreja de Jesus, nós sempre estaremos limitados pelo pecado e muitas vezes o veremos prevalecer tanto em nossa vida pessoal, como em nossa casa, na igreja, no ambiente de trabalho e em nossos relacionamentos também.
Que a reforma implica necessariamente um retorno a Palavra de Deus foi sobejamente comprovado não só pelas palavras, mas também pela vida de nossos principais reformadores. Lutero, num sermão em 1522, retrucou aqueles que achavam que ele era alguma coisa, dizendo: “Simplesmente ensinei, preguei, escrevi a Palavra de Deus; não fiz mais nada. E então enquanto eu dormia, ou bebia cerveja em Wittenberg a Palavra enfraqueceu tão intensamente o papado que nenhum príncipe ou imperador jamais fez estrago assim. Não fiz nada, a Palavra fez tudo”. Calvino, quando voltou para uma igreja que o havia expulsado três anos antes por algumas discordâncias, na primeira oportunidade em que se colocou novamente diante daquela comunidade, ao invés de se justificar ou tentar se defender (como muitos de nós o faríamos em situação semelhante), simplesmente abriu a Bíblia e continuou a exposição de onde havia parado quando pregara ali pela última vez.
Deus queira que realmente comemoremos mais uma vez a Reforma Protestante, a quem devemos tanto, reconhecendo especialmente que Deus mesmo a fez acontecer a fim de conduzir sua igreja de volta ao caminho. Mas mais do que comemorar, que o Senhor nos dê a graça de honrarmos os ideais daqueles homens e mulheres, procurando sempre examinar às nossas vidas sob o juízo perfeito da Palavra de Deus para que continuemos ser uma igreja reformada que sempre se reforma à luz das Escrituras, que nos foram dadas justamente para que, neste mundo de trevas externas e internas, tenhamos uma direção certa no caminho até que a manhã chegue e a Estrela da alva nos ilumine de uma vez para sempre.
Em Cristo, o Grande Reformador de nossas vidas.
Djaik
Um comentário:
Olá, Rev. Djaik.. Boa noite!
Adorei sua mensagem.. de fato a heresia tem tomado conta da Igreja de Cristo.. não só no Catolicismo e no Evangelicalismo, mas também entre nós, os protestantes.. isso é muito mal..
Precisamos de, mais uma vez, voltar-mos para as Escrituras e para Cristo, para que conheçamos a Verdade libertadora!
Abraço
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