26 de novembro de 2009

A Loucura do Evangelho ou as Loucuras dos Evangélicos?

O apóstolo Paulo escreveu aos coríntios que a palavra da cruz é loucura para a mente carnal e natural, para aqueles que estão perecendo (1Co 1:18, 21, 23; 2.14; 3.19). Ele mesmo foi chamado de louco por Festo quando lhe anunciava esta palavra (Atos 26.24). Pouco antes, ao passar por Atenas, havia sido motivo de escárnio dos filósofos epicureus e estóicos por lhes anunciar a cruz e a ressurreição (Atos 17:18-32). O Evangelho sempre parecerá loucura para o homem não regenerado. Todavia, não há de que nos envergonharmos se formos considerados loucos por anunciar a cruz e a ressurreição. Como Pedro escreveu, se formos sofrer, que seja por sermos cristãos e não como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outros (1Pedro 4.15-16).

Nesta mesma linha, na carta que escreveu aos coríntios, o apóstolo Paulo, a certa altura, pede que eles evitem parecer loucos: "Se, pois, toda a igreja se reunir no mesmo lugar, e todos se puserem a falar em outras línguas, no caso de entrarem indoutos ou incrédulos, não dirão, porventura, que estais loucos?" (1Co 14:23). Ou seja, o apóstolo não queria que os cristãos dessem ao mundo motivos para que nos chamem de loucos a não ser a pregação da cruz.
Infelizmente os evangélicos - ou uma parte deles - não deu ouvidos às palavras de Paulo, de que é válido tentarmos não parecer loucos. Existe no meio evangélico tanta insensatez, falta de sabedoria, superstição, coisas ridículas, que acabamos dando aos inimigos de Cristo um pau para nos baterem. Somos ridicularizados, desprezados, nos tornamos motivo de escárnio, não por que pregamos a Cristo, e este, crucificado, mas pelas sandices, tolices, bobagens, todas feitas em nome de Jesus Cristo.
O que vocês acham que o mundo pensa de uma visão onde galinhas falam em línguas e um galo interpreta falando em nome de Deus, trazendo uma revelação profética a um pastor? Podemos dizer que o ridículo que isto provoca é resultado da pregação da cruz? Ou ainda, o pastor pião, que depois de falar línguas e profetizar rodopia como resultado da unção de Deus? (foto) Ou ainda, a "unção do leão" supostamente recebida da parte de Deus durante show gospel, que faz a pessoa andar de quatro como um animal no palco?
Eu sei que vão argumentar que Deus falou através da burra de Balaão, e que pode falar através de galináceos ungidos. Mas, a diferença é que a burra falou mesmo. Ninguém teve uma visão em que ela falava. E deve ter falado na língua de Balaão, e não em línguas estranhas. Naquela época faltavam profetas - Deus só tinha uma burra para repreender o mercenário Balaão. Eu não teria problemas se um galinheiro inteiro falasse português na falta de homens e mulheres de Deus nesta nação. Mas não me parece que este é o caso.
Sei que Deus mandou profetas andarem nus e profetizarem e fazerem coisas estranhas como esconder cintos de couro para apodrecerem. E ainda mandou outros comerem mel silvestre e gafanhotos e se vestirem de peles de animais. Tudo isto fazia sentido naquela época, onde a revelação escrita, a Bíblia, não estava pronta, e onde estes profetas eram os instrumentos de Deus para sua revelação especial e infalível. Não vejo qualquer semelhança entre o pastor pião, a pastora leoa e o profeta Isaías, que andou nu e descalço por três anos como símbolo do que Deus haveria de fazer ao Egito e à Etiópia (Is 20:2-4).
Eu sei que o mundo sempre vai zombar dos crentes, mas que esta zombaria, como queria Paulo, seja o resultado da pregação da cruz, da proclamação das verdades do Evangelho, e não o fruto de nossa própria insensatez.
Eu não me envergonho da loucura do Evangelho, mas das loucuras de alguns que se chamam de evangélicos.

Rev. Augustus Nicodemos

Postagem autorizada pelo Autor

12 de novembro de 2009

A Graça e a desgraça




Vivemos o tempo do determinismo. Não é aceitável que qualquer crente tenha momentos de tribulações, angustias e tristeza. “Na vida do crente não tem lugar para desgraça (problemas financeiros, doenças, percas, etc...)”. Tudo hoje refere-se a prosperidade do cristão. Segundo essa teologia o crente não pode passar por problemas em sua vida, ou pelo menos, não deve aceitá-los determinando a Deus que o liberte de tudo, afinal de contas “Deus prometeu que teríamos o melhor”, “Deus quer o melhor para seus filhos”. Contudo, essa parece não ser a nossa realidade. Todos os cristãos, sejam eles novos na fé ou não, são atribulados por angustias, problemas, indecisões, ansiedades, dores e até mesmo desgraças mais profundas, como, por exemplo, a morte de ente querido, o que é bastante dolorido e desastroso.

O fato de termos sido alcançados pela graça não nos livra das dificuldades. Esse é o grande erro que temos percebido nos nossos dias. A motivação em se achegar a Deus, não é a sua Grandeza, Soberania e Glória, mas sim, seus milagres, benção e promessas. Com isso, muitos tem se esquecido do ensinamento do senhor Jesus aos seus discípulos: “Estas coisas vos tenho dito para tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). Jesus nunca prometeu calmaria total, mas prometeu força diante da tempestade. Há uma grande diferença.

Talvez por causa dessa “maldita teologia” vemos tantos irmãos em crises terríveis e profundas quando sobrevêm a eles os problemas e as desgraças. Quando caminhamos pelas escrituras percebemos que as dores seriam inevitáveis. Contudo o Senhor também proporcionou o suporte necessário para nós. Por exemplo, quando perdemos um parente, cristão, Paulo nos ensina em 1 Ts 4.13-18 que devemos ser confortados no fato de sabermos que esse apenas dome, pois os que estão em Cristo hão de ressuscitar para vida. E Pedro também diz que pode ser necessário as tribulações, mesmo que por breve tempo, mas que essas servem para o crescimento da nossa fé (1 Pe1.3-9). O fato de termos sido salvos pela graça não nos isenta da desgraça. Mas, com certeza é na graça que buscamos a alegria indizível. Essa é o pensamento de Pedro. Ele afirma: “Nisso (na graça) exultais com alegria indizível”. Pedro ainda conclui no capítulo 5.7 que por causa do cuidado que Deus tem sobre seu povo podemos e devemos “lançar sobre Ele toda vossa ansiedade”. O que dizer também do apostolo Paulo, mais conhecido como o apóstolo da Graça, homem que chega a dizer que sua vida é viver em Cristo. Em Filipenses 4.13-20 ele disse que aprendeu a viver com “prosperidade” ou abundancia, mas que também aprendeu a viver e conviver com pobreza. Paulo estava dizendo que aprendeu a viver com bênçãos e tribulações, com a graça e com a desgraça. Com certeza Paulo viu muito de seus companheiros serem presos e maltratados por causa do evangelho. Contudo, ele afirma: “posso tudo naquele que me fortalece”. Em outras palavras o que Paulo está afirmando é: “mesmo diante dos problemas creio no meu Deus que me sustenta”. Paulo não nega que na vida do cristão haveria a desgraça, mas afirma que teremos consolo na graça, no fato de ter Cristo morrido por nós, mesmo não sendo merecedores disso.

Portanto, chegamos a conclusão de que a graça não evita a desgraça. Entretanto, nos fortalece, nos anima, nos coloca de pé outra vez. E se estivermos passando por momentos angustiantes, é assim que devemos recorrer, com a consciência de que Deus está conosco, e que iremos aprender o que ele quer nos ensinar, sempre com um coração contrito e agradecido. Paulo tem uma conclusão fantástica a respeito da graça e da desgraça: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor (Rm 8.32, 34, 35, 38, 39).



Sola Gratia!



Rev. Adailton Duarte Silva

4 de novembro de 2009

SIMPLICIDADE E ALEGRIA

Refletir sobre estas duas realidades logo me fizeram lembrar de duas visitas que um certo pastor diz ter feito num dia só; em uma delas ele se viu numa mansão, uma belíssima casa de um rico empresário que, surpreendentemente, confessou ser profundamente infeliz; no mesmo dia, o pastor esteve numa moradia que em alguns lugares é chamado de “tapera”, em outros “casebre” ou no popular barraco mesmo, onde morava um senhor pobre, que de tão pobre nem tinha copo para servir um cafezinho, e o fez numa latinha de extrato improvisada como xícara; e o mais surpreendente é que, diferente do indivíduo da mansão, se dizia feliz por andar com Jesus e servi-lo.
Parece estranho como nós perdemos de vista aquilo que realmente é importante e nos deixamos levar por aquelas coisas que o mundo diz serem importantes. Especialmente por isso, acabamos ficando distantes desta dupla que, normalmente, não está presente nas casas mais bonitas, não se vê na vida daqueles que se vestem com as roupas mais caras, que dirigem os melhores carros e comem da melhor comida; mas estão naturalmente presentes nas casas chamadas humildes (por serem ruíns mesmo), na vida das pessoas com quem muitas vezes não nos importamos, que vestem com modéstia e comem o tradicional arroz com feijão com satisfação, e em muitos casos falta o feijão.
Simplicidade e alegria é o que eu mesmo tenho encontrado em muitas casas onde vou, quando por vezes não tenho que tocar a campainha, e muito menos um interfone, também quase nunca marco horário, e sei que não preciso fazer cerimônia pois as casas são tão simples quanto a própria pessoa, a mobília é pouco fina, mas sou alegremente recebido por aqueles que, mesmo sendo pobres, são ricos da graça de Deus, e o cafezinho é garantido.
Simplicidade e alegria é o que tenho visto na vida de pessoas que, normalmente, possuem muito menos do que eu, mas sobre quem Deus tem me falado: “fique próximo delas e procure imitá-las e sua vida vai ser muito melhor e mais feliz”.
Faria muito bem se tomássemos a sério o modo como Deus vê este mundo e as pessoas que nele estão. A Bíblia diz que Deus dá sua graça aos humildes e que felizes são os pobres de espírito porque eles verão a Deus. Isto não pode significar outra coisa senão que os símplices estão mais próximos de Deus e explica a alegria que encontramos em suas vidas.
Com isto não estou querendo dizer que todo pobre é humilde e todo rico é soberbo. Só estou apontando para aquilo normalmente acontece e muitas vezes não queremos ver; especialmente porque, conforme a Escritura, «Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que nada são, para reduzir a nada as que são».
Rev. Djaik

Ecclesia reformata et semper reformanda est

Seguindo o princípio de nossos pais reformadores que, reconhecendo a realidade provisória da igreja em relação ao pecado, entenderam que a igreja precisava de uma reforma "radical" não só naqueles dias mas enquanto existir deste lado da eternidade, é que elaboramos este blog que tem o propósito de ensinar a sã doutrina das Escrituras Sagradas (também chamada de Teologia), pois é à luz da Inerrante e Suficiente Palavra de Deus que a igreja deve ser reformada e estar sempre se reformando, para se conformar à vontade do Dono da Igreja e alcançar a perfeita varonilidade em Cristo Jesus. Soli Deo Gloria