29 de abril de 2012

Vivendo e Morrendo para Deus

            “Existem apenas dois princípios de vida moral no Universo, um baseia-se em nós mesmos, o bem mais limitado e pessoal; o outro baseia-se em Deus, que pode ser chamado de bem universal.” (Madame Guyon, mística francesa do século XVIII)
            É comum acharmos que temos muitas opções no modo como nós vamos viver. De fato, num certo sentido, a nossa vida está dividida em vários departamentos e, por isso, por vezes, nós parecemos ser diferentes pessoas, dependendo do lugar onde nós estamos ou com quem estamos. O problema é quando caímos no relativismo de achar que podemos agir conforme a ocasião e não de acordo com o que é certo ou errado; mais sério ainda é acharmos que nós mesmos somos os juízes da nossa vida, e podemos decidir por nossa própria conta o que fazer.
            Viver para si mesmo produz a sensação inicial de que as coisas vão dar certo, e não é difícil continuarmos assim por muitos anos como que achando que o mundo deve girar ao redor de nós (talvez por isso a descoberta, na idade média, de que não era tudo que girava em torno da terra, mas a terra era parte do tudo que girava em torno do sol tenha causado tanto frisson). Nós, naturalmente, gostamos de ser o centro; o problema maior deste eu-centrismo é quando nos defrontamos com outros, iguais a nós que acham que o mundo deve girar é ao redor deles. Neste egocentrismo generalizado, há até quem use a religião e tente usar o próprio Deus para satisfazer seus anseios por reconhecimento e adoração. Calvino resumiu isso muito bem dizendo que “o nosso coração é uma fábrica de ídolos”.
            O texto citado no início, combinado com o desafio das Escrituras e da própria postura de Jesus enquanto aqui esteve, nos convida a entendermos que, diferente do que nós normalmente desejamos, a vida não se baseia e não deve se basear em nós mesmos, mas em Deus que é a origem e o fim de todas as coisas. Segundo sua própria Palavra, tudo começa e termina nele e a nossa vida, como sugere um escritor, precisa ser “um esforço para mudar o foco de minha pessoa para Deus”.
            Um bom teste e, na verdade, também uma boa precaução para o modo como agimos é nos perguntar sempre não o que eu quero fazer, mas o que Deus gostaria que eu fizesse; devemos atentar, não para o que as pessoas vão achar disso ou daquilo, mas qual a opinião de Deus a respeito do assunto. Tenho certeza que assumir tal postura, mudaria radicalmente a maneira como nos comportamos diante das situações que envolvem o que é justo e certo e o que é injusto e errado e, sem dúvida, afetaria grandemente o conteúdo das nossas conversas, especialmente aquilo que falamos dos outros.
            Jesus veio também para nos mostrar as implicações de se viver tendo Deus como centro da existência e, naturalmente, a alegria que tal postura produz. É nos voltando para ele, não simplesmente com algum tipo de religiosidade, mas com toda a nossa vida, que encontramos o verdadeiro sentido da vida já que, conforme Paulo, “se vivemos, para o Senhor vivemos, se morremos para o Senhor morremos, quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor.” (Rm. 14.8)                                                 
Rev. Djaik Neves

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Ecclesia reformata et semper reformanda est

Seguindo o princípio de nossos pais reformadores que, reconhecendo a realidade provisória da igreja em relação ao pecado, entenderam que a igreja precisava de uma reforma "radical" não só naqueles dias mas enquanto existir deste lado da eternidade, é que elaboramos este blog que tem o propósito de ensinar a sã doutrina das Escrituras Sagradas (também chamada de Teologia), pois é à luz da Inerrante e Suficiente Palavra de Deus que a igreja deve ser reformada e estar sempre se reformando, para se conformar à vontade do Dono da Igreja e alcançar a perfeita varonilidade em Cristo Jesus. Soli Deo Gloria