“Existem apenas dois princípios de
vida moral no Universo, um baseia-se em nós mesmos, o bem mais limitado e
pessoal; o outro baseia-se em Deus, que pode ser chamado de bem universal.”
(Madame Guyon, mística francesa do século XVIII)
É comum acharmos que temos muitas
opções no modo como nós vamos viver. De fato, num certo sentido, a nossa vida está
dividida em vários departamentos e, por isso, por vezes, nós parecemos ser
diferentes pessoas, dependendo do lugar onde nós estamos ou com quem estamos. O
problema é quando caímos no relativismo de achar que podemos agir conforme a
ocasião e não de acordo com o que é certo ou errado; mais sério ainda é
acharmos que nós mesmos somos os juízes da nossa vida, e podemos decidir por
nossa própria conta o que fazer.
Viver para si mesmo produz a
sensação inicial de que as coisas vão dar certo, e não é difícil continuarmos
assim por muitos anos como que achando que o mundo deve girar ao redor de nós
(talvez por isso a descoberta, na idade média, de que não era tudo que girava
em torno da terra, mas a terra era parte do tudo que girava em torno do sol
tenha causado tanto frisson). Nós,
naturalmente, gostamos de ser o centro; o problema maior deste eu-centrismo é quando nos defrontamos
com outros, iguais a nós que acham que o mundo deve girar é ao redor deles.
Neste egocentrismo generalizado, há até quem use a religião e tente usar o
próprio Deus para satisfazer seus anseios por reconhecimento e adoração.
Calvino resumiu isso muito bem dizendo que “o nosso coração é uma fábrica de
ídolos”.
O texto citado no início, combinado
com o desafio das Escrituras e da própria postura de Jesus enquanto aqui
esteve, nos convida a entendermos que, diferente do que nós normalmente
desejamos, a vida não se baseia e não deve se basear em nós mesmos, mas em Deus
que é a origem e o fim de todas as coisas. Segundo sua própria Palavra, tudo
começa e termina nele e a nossa vida, como sugere um escritor, precisa ser “um
esforço para mudar o foco de minha pessoa para Deus”.
Um bom teste e, na verdade, também
uma boa precaução para o modo como agimos é nos perguntar sempre não o que eu
quero fazer, mas o que Deus gostaria que eu fizesse; devemos atentar, não para o
que as pessoas vão achar disso ou daquilo, mas qual a opinião de Deus a
respeito do assunto. Tenho certeza que assumir tal postura, mudaria
radicalmente a maneira como nos comportamos diante das situações que envolvem o
que é justo e certo e o que é injusto e errado e, sem dúvida, afetaria
grandemente o conteúdo das nossas conversas, especialmente aquilo que falamos dos
outros.
Jesus veio também para nos mostrar as
implicações de se viver tendo Deus como centro da existência e, naturalmente, a
alegria que tal postura produz. É nos voltando para ele, não simplesmente com
algum tipo de religiosidade, mas com toda a nossa vida, que encontramos o
verdadeiro sentido da vida já que, conforme Paulo, “se vivemos, para o Senhor
vivemos, se morremos para o Senhor morremos, quer, pois, vivamos ou morramos,
somos do Senhor.” (Rm. 14.8)
Rev. Djaik Neves
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