Por Rev. Djaik Neves
A providência foi mais uma vez decisiva no que se refere ao apelido pelo qual os seguidores de Jesus ficaram conhecidos ao longo da história, até hoje. Digo “apelido” porque os intérpretes bíblicos tem concluído que o título “cristãos”, na verdade, foi algum tipo de piada feita pelos inimigos da fé (talvez judeus), numa provável referência ao fato deles serem seguidores de um messias crucificado.
A verdade é que os primeiros crentes ou discípulos foram reconhecidos como “pequenos cristos”. E ao observarmos o modo como o evangelista João fala de Jesus e da igreja podemos suspeitar o que significa, de fato, ser um “pequeno Cristo” e porque Deus planejou que o seu povo fosse assim chamado.
O evangelho de João é preciso não só no sentido de revelar quem Jesus é, mas também de mostrar quem são, de fato, aqueles que seguem a Jesus de perto. Não é à toa que o evangelho do discípulo amado é o mais rejeitado pelos críticos e adeptos da “busca do Jesus Histórico” que, na verdade não desejam buscar a Jesus coisa nenhuma, o que eles querem é “fabricar” um Jesus à sua própria imagem e semelhança.
Em seu evangelho, João nos diz que “ninguém jamais viu a Deus”, mas que Jesus, o único gerado do Pai, “é quem o revelou” (Jo. 1.18), mostrando assim que, como afirma o autor de hebreus, Jesus é “a expressão exata do ser de Deus” (Hb. 1.3).
Curiosamente, em sua primeira epistola, João diz mais uma vez que “ninguém jamais viu a Deus”, mas agora ele já não fala mais de Jesus. Ele diz que “se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e seu amor é, em nós, aperfeiçoado” (1 Jo. 4.12). Ou seja, nós não podemos ver a Deus, mas por meio do amor que cultivarmos uns com os outros, Deus será visto em nosso meio.
Com tais palavras, o evangelista, na verdade, está simplesmente reproduzindo ou explicando aquilo que Jesus falou com seus discípulos por ocasião da quinta-feira santa, quando lavou os seus pés. Conforme o próprio João, tendo Judas tomado o seu caminho, Jesus se despede de seus discípulos e diz que Deus o estava glorificando e que, para onde ele estava indo, eles não poderiam ir; por isso, eles deveriam amar uns outros assim como foram amados e conclui dizendo que todos os conheceriam como seus discípulos pelo amor que tivessem uns pelos outros (Jo. 13.31-35).
De fato, como Paulo disse, é como se Deus falasse por nosso intermédio (2 Co. 5.20) e, de acordo com uma definição básica de amor, é como se Deus agisse por nosso intermédio, daí a bênção de vivermos como quem tem a graça e o desafio de ser, neste mundo, um autêntico cristão ou um “pequeno Cristo”, estendendo aos irmãos e ao mundo o mesmo amor com que fomos amados.
Soli Deo Glória
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