22 de abril de 2016

ESTUDO 2 - GÁLATAS: A SINGULARIDADE E A EXCLUSIVIDADE DO EVANGELHO

Gálatas 1.1-9

Introdução

Em diversos aspectos, podemos dizer que esta é a carta mais forte do apóstolo, visto que, enquanto em suas outras cartas Paulo trata de problemas gerais da igreja e, quando necessário, foi bastante firme e, até ameaçador; em gálatas, o apóstolo trata de um problema essencial que comprometia a própria natureza e existência da comunidade do santos nesta terra e a glória de Deus.
            E justamente em relação ao modo vigoroso e firme com que Paulo iniciou esta epístola, foi que o comentarista William Hendriksen fez a seguinte sugestão de como as coisas parecem ter acontecido:
            “A atmosfera espiritual está carregada. Está quente e sufocante. Ameaça um forte temporal. O céu está escurecendo. À distância podem-se ver os relâmpagos; podem-se ouvir os trovões distantes. Enquanto se lê cada linha dos versículos 1-5 (em nosso caso, de 1-9), à luz da época e do propósito da carta, a turbulência atmosférica pode ser imediatamente detectada. O apóstolo, apesar de estar sob pleno controle, pois está escrevendo sob a direção do Espírito Santo, está, porém, fortemente agitado, profundamente comovido. Seu coração e mente estão dominados por um misto de emoções. Contra os corruptores ele tem severas denúncias que fluem de uma santa indignação. Paraos destinatários (seus filhos espirituais), há uma veemente desaprovação e um sincero desejo de que sejam restaurados. E para com Aquele que o chamou, há profunda reverência e humilde gratidão.” (Comentário de Gálatas, William Hendriksens, Ed. Cultura Cristã).
            Assim, podemos identificar duas verdades decisivas sobre o evangelho que justificam, com folga, a postura firme do apóstolo da Graça.

1 – A SINGULARIDADE DO EVANGELHO

           Certamente por causa da urgência e da seriedade do assunto, como que querendo chegar logo ao ponto, esta é a introdução mais curta de todas as cartas de Paulo, não tem nem mesmo oração e ações de graças, como ele costuma fazer em todas as suas cartas.
            Mas não nos apressemos em concluir que o apóstolo não elaborou uma introdução à altura do assunto que ele iria tratar. Pelo contrário, como veremos, a introdução é tão forte como o próprio conteúdo da carta como um todo.
           Como já foi dito, Paulo é bastante objetivo e já inicia defendendo o seu apostolado (o chamado especial para falar em nome de Jesus neste mundo), visto que, como temos afirmado, os falsos mestres e inimigos de Deus e da igreja falavam muito mal de Paulo e questionavam seu chamado para ser apostolo. Daí ele fazer questão de iniciar esta contundente carta com esta defesa.
            Mas ao fazer a defesa do seu chamado, Paulo já aponta para o fato de que o evangelho é uma mensagem diferenciada, visto que os seus mensageiros foram chamados pelo próprio Cristo, Jesus, e Deus-Pai. Mesmo tendo chamado os onze enquanto esteve por aqui em carne, na sua soberania Jesus também chamou Paulo e confiou-lhe a mensagem da salvação.
            E confirmando ainda mais o quanto a boa notícia do evangelho de Jesus é única neste mundo, o apóstolo ainda acrescenta que o evangelho é a boa notícia do ressuscitado. É o evangelho daquele que venceu a morte. Paulo faz questão de destacar deste o início “o milagre dos milagres” (a pedra de toque do cristianismo, conforme os mais entendidos).
            Mas também faz parte do diferencial do evangelho ou de sua singularidade “a graça e a paz” que o apóstolo oferece a seus leitores. Como eu disse, mesmo sendo rápido na sua introdução, Paulo não deixa de tocar em questões fundamentais como o favor imerecido de Deus para conosco (chamada Graça) e o resultado disso que é a nossa reconciliação com o Criador, agora Pai e, ainda, a reconciliação uns com outros, que nos faz igreja (chamada Paz).
            Tudo isso, Deus vindo ao nosso encontro por meio de seus mensageiros, o Filho vencendo morte e livrando-nos de sua maldição e a graça e a paz do Pai e do Filho  nos alcançando, só são uma realidade por causa da cruz. Porque no Getsêmani Jesus se submeteu à vontade soberana e graciosa do Pai. Porque Jesus não desistiu de trilhar a via dolorosa. Porque ele se entregou pelos nossos pecados, para nos livrar deste mundo mal, sendo esta a vontade do Pai.
            O evangelho é singular, especialmente por isso. Pois como pergunta Isaías, onde já se ouviu falar de um Deus que trabalha pelos seus súditos, que nele esperam (Is. 64.4). Jesus cumpriu esta profecia ao dizer: “eu não vim para ser servido, mas para servir e dar a minha vida em favor de muitos”. Os demais deuses e as religiões exigem um monte de coisas de seus adeptos, enquanto o Deus verdadeiro ofereceu o que tem de mais precioso: o seu único filho, quer era um com Ele; daí o mesmo apóstolo dizer que “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo o mundo”.
            Gálatas foi escrita para ressaltar a singularidade do Evangelho do Pai e do Filho.

2 – A EXCLUSIVIDADE DO EVANGELHO
      
      O evangelho é, literalmente, boa notícia. Mais do que isso, o evangelho é a grande e exultante notícia. Conforme o anjo, que a ouviu da “boca” do próprio Deus, é “a boa nova de grande alegria” (Lc. 2.10). É a boa nova do próprio Deus, Paulo faz questão de destacar em outros lugares. Como já vimos logo atrás, o evangelho é a boa nova do que o próprio Criador, rei e mantenedor do universo inteiro, fez por intermédio do seu próprio e único filho, em favor de pequenos e míseros pecadores como nós a fim de nos arrancar deste mundo mal.
            Depois de pensar nessas coisas, eu mesmo me senti pequeno e indigno diante de tal mensagem. Fiquei pensando no quanto eu mesmo desconsidero e perco de vista a singularidade, a grandeza e a graciosidade do evangelho. Como nos adverte hebreus, não podemos desprezar “tão grande salvação” (Hb. 2.3)
            Paulo não só não desprezava o evangelho que ele pregava, como também no seu papel de pregador e apóstolo, ele não podia permitir que o evangelho fosse desconsiderado e muito menos substituído por uma caricatura, um evangelho corrompido.
            Aliás, o que estava acontecendo nas regiões da galácia e o que tem acontecido em grande escala também em nosso tempo e em nosso pais é bem pior do que a idolatria dos pagãos, a imoralidade dos sem religião, os vícios de muitos. Paulo tratou de forma muito mais condescendente os problemas de relacionamento em Filipos, as questões de culto em Corinto e até a controvérsia sobre comida oferecida a ídolos entre os coríntios. Mas quando a boa nova da salvação em Cristo estava sendo comprometida, ele não podia capitular (assim como Lutero se manteve firme diante da igreja católica séculos depois).
            Conforme a reação de Paulo, o que estava acontecendo na igreja dos nossos irmãos ali era uma corrupção, um distorção do evangelho da graça de Cristo que Paulo tinha pregado para eles. Tal coisa não poderia ser, em hipótese alguma, tolerada; daí o anátema ou maldição que Paulo lança sobre aqueles que pregavam tal “evangelho corrompido.”
               O evangelho é único, como vimos, é diferenciado, é sobrenatural; é o plano gracioso de Deus em seu Filho para salvador os pecadores do mundo mal e, isto, como Paulo já adianta, “para a glória de Deus.”
            Sendo de Deus, por meio do Filho e da cruz e, por isso, decisivo para os pecadores, o evangelho não possui rivais, concorrentes, não há nada neste mundo mesmo remotamente semelhante, o evangelho vem dos céus e nada se compara a ele.
            E também por isso, qualquer mudança ou acréscimo é não só uma infidelidade, mas uma afronta e um desprezo a Deus e a sua graça imensurável. Daí a força desta peque carta amada por Lutero e por outros.
            Mas o apóstolo é tão reverente e cuidadoso com o Evangelho, que ele aponta para o risco de ele mesmo ser infiel e vir a pregar uma outra mensagem diferente daquela que ele havia anunciado. Então ele diz, mesmo que alguém da confiança de vocês, como eu ou um de nós que vocês conhecem; ou mesmo que algo sobrenatural aconteça, um negócio extraordinário como um anjo se manifestando e lhes anunciar um outro evangelho, que seja maldito... que Deus se volte com sua ira contra tal mensagem e tal pessoa.
           E já adiantando o que vamos estudar com o apóstolo mais tarde, Paulo adverte aos gálatas de que alguns estavam perturbando a igreja, pervertendo a boa notícia de Cristo que ele lhes havia anunciado.


CONCLUSÃO

A princípio, eu ensaiei colocar como título desta primeira parte de Gálatas o seguinte: “A Singularidade, a exclusividade e a graciosidade do Evangelho”. Mas depois percebi que não havia necessidade de acrescentar graciosidade, já que, além da própria singularidade e exclusividade destacarem o conteúdo do evangelho, que é gracioso, a própria palavra “Evangelho” aponta para a graciosidade de Deus a nosso favor, visto que, tendo Cristo se entregado para nos arrancar deste mundo mal, basta-nos apenas crer, confiar na boa nova que nos é anunciada e, assim, recebermos o presente gracioso que nos é oferecido. Isto é fé.
        Como os gálatas, “fomos chamados na graça de Cristo” e precisamos estar firmes nesta verdade e também viver e proclamar tal verdade graciosa e revolucionária, que nos salvou e pode salvar a todo e qualquer pecador.

15 de abril de 2016

GÁLATAS - ESTUDO 1: O Tema da Epístola - Uma Defesa da Cruz



INTRODUÇÃO
Timothy Keller chamou a Epístola aos gálatas de “dinamite”.
De fato, ela deve ter sido um estouro quando foi lida naquelas igrejas ameaçadas por forte heresia, como também o foi quando Lutero a redescobriu e a ensinou e pregou com intensidade nos tempos igualmente corrompidos doutrinariamente no final da idade média.
Curiosamente Lutero tinham um apreço tremendo pela carta aos gálatas, a ponto de compará-la com sua própria esposa. Ele a chamava de “minha própria pequena epístola”, “minha Katie Von Bora” (o nome de sua esposa).
Gálatas, juntamente com Tessalonicenses, tem sido considerada uma primeiras cartas que o apóstolo escreveu e também uma das mais importantes (junto com Romanos). A antiguidade desta carta combina com o fato de que Paulo pregou naquela região justo em sua primeira viagem missionária (Atos 13).
Como podemos conferir pelo mapa abaixo, conforme Atos 13, Paulo e Barnabé passaram pela ilha de Chipre (Salamina e Pafos), conterrâneos de Barnabé, depois em Perge e Antioquia da Psídia, que é justamente a região da Galácia para quem Paulo escreveu a sua carta.
Observem que, conforme Lucas em Atos e o mapa, há duas Antioquias, a primeira é a Antioquia da Síria, onde os seguidores do “caminho” foram, pela primeira vez chamados "cristãos" e a igreja se tornou um centro missionário. Foram eles quem, após orarem e jejuarem, enviaram Barnabé em Saulo para a Missão que Deus indicara.
O nosso propósito hoje é observar alguns detalhes gerais relacionados a data, ocasião, e, especialmente, o tema da carta aos gálatas.

O SURGIMENTO DA IGREJA
Se Cornélio pode ser considerado o primeiro convertido gentio, em um tipo de cumprimento da expansão do Reino de Deus ao gentios, como previa o AT. As igrejas da Galácia, junto com a congregação de Antioquia da Síria, podem ser consideradas as primeiras comunidades cristãs predominantemente gentílicas (ainda que, como veremos, muito provavelmente havia judeus crentes também entre eles).
Pois foi justamente nesta região (precisamente em Antioquia da Psídia) que, de modo formal, Paulo expandiu seu ministério aos gentios em face da rejeição pelos judeus.
Conforme Lucas, Paulo e Barnabé foram à sinagoga, pregaram ali em alguns sábados; a princípio foram até bem aceitos, mas parece que a própria atração que a mensagem do evangelho causou provocou o ciúmes e a rejeição dos judeus (talvez eles também achassem aqui que o evangelho era só para eles).
O fato é que diante da oposição, Paulo e Barnabé “volveram para os gentios” (13.46); os gentios ficaram felizes com este direcionamento e, conforme Lucas,  “creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (v. 48) e ainda acrescenta que “a palavra do Senhor foi divulgada por toda aquela região.”
Foi ali também que Paulo já começou a sofrer por causa do evangelho e foi expulso da cidade, juntamente com Barnabé. Mas a semente do evangelho foi plantada e frutificou.
Podemos concluir disso, que assim surgiram as igrejas da Galácia para quem Paulo dirigiu aquela que seria, provavelmente, sua primeira carta. A preciosa e contundente carta “aos Gálatas”. Vale também destacar que esta é a única carta de Paulo destinada, literalmente, a mais de uma igreja.

A OCASIÃO DA CARTA
Quero aproveitar aqui para apontar que nem mesmo os mais críticos tem coragem de duvidar da autoria paulina da carta (a mais bem comprovada); Ela foi escrita por volta do ano 48, visto que há um consenso de que ela foi escrita antes do primeiro Concílio da Igreja em Jerusalém, que definiu a questão dos gentios na igreja (se Paulo tivesse escrito depois disso, seria bastante sensato ele citar as decisões do concílio). Como Paulo deve ter sido convertido em 32 ou 33, ele teve cerca de 15 anos de preparação para suas viagens e para escrever suas epístolas, sendo Gálatas a primeira.
            Ao que tudo indica, não muito depois de Paulo ter pregado ali, a igreja foi invadida por um grupo que contrariava o apóstolo e pregava o que ele chamou de “outro evangelho”, tão séria era a distorção que eles propunham. Daí que Paulo, ao retornar desta primeira investida no mundo gentílico para prestar relatório à igreja que o enviara, deve ter sido informado dos ocorridos nas igrejas da Galácia e, assim, elaborou aquela que tem sido chamada de “o grito de guerra da reforma” ou “a declaração de independência do cristão” e, ainda, a grande aurora da liberdade religiosa” (conforme Hendriksen). Mesmo sendo “mortal”, entendi que todas essas coisas são frutos do que podemos chamar de “Defesa da Cruz”, belamente articulada pelo apóstolo inspirado.

JUDAIZANTES: O PROBLEMA.
Convencionou-se que judaizantes era um grupo de judeus crentes que começaram a ensinar na igreja que, além de crer em Jesus e em sua obra, as pessoas precisavam se submeter à Lei de Moisés para serem salvas, com ênfase naquelas práticas cerimoniais relacionadas à Antiga Aliança, tais como: circuncisão, guarda do sábado e dieta de alimentos. “Debaixo da lei” é o modo como Paulo diz que eles viviam e queriam obrigar os crentes gentios a viverem.
Segundo os adeptos desta teoria, todo crente (mesmo sendo gentio) deveria seguir as mesmas ordenanças dos judeus: ser circuncidado, guardar o sábado e não comer certos alimentos, para citar as principais.
Conforme defende na carta, quando Paulo pregou para aquelas pessoas ele deixou clara a insuficiência da Lei e a exclusividade da fé em Jesus para a justificação e salvação (At. 13.39).  Mas como Paulo não simplesmente “plantava igrejas”, ele também fazia discípulos e supervisionava a obra, como bom “presbítero” que era, não poderia deixar barato tamanha afronta ao Evangelho da Graça.
Por conta do seu legalismo (e maldade, naturalmente), eles criticavam Paulo, questionando se ele realmente era apóstolo (comparando-o com os outros onze que estiveram com Jesus); eles também diziam que o evangelho de Paulo era incompleto e, ainda, insinuavam que Paulo pregava ou, pelo menos, conduzia as pessoas à imoralidade, visto que diziam que Paulo abrira mão da lei (Enciclopédia da Bíblia-Gálatas).(em Romanos, inclusive, Paulo prevê o ataque deles como se dissessem: “permaneceremos no pecado para que a graça seja mais abundante?”, Rm. 6.1).
Como os judeus antes, eles enfatizavam bastante a circuncisão, o que conduziu Paulo até a ironiza-los, enquanto os repreendia (Gl. 5.12).
Havia o grande risco de a igreja, logo no início, ser contaminada por uma heresia das mais perniciosas que corrompesse o evangelho de Cristo. Vale ressaltar que, desde sempre, o legalismo é bastante atrativo, já que, de uma certa forma, ele produz algum tipo de alívio, satisfazendo ao ego humano, enquanto as pessoas enganam a si próprias e tentam enganar a Deus. Além disso, o principal é que confiar nas próprias obras faz com que se perca Jesus de vista. Sem ele, conforme Paulo, “da graça decaímos”- Gl. 5.4 (e isto não tem nada a ver com “arminianismo”), como se pode imaginar superficialmente).

UMA DEFESA DA CRUZ
Um estudo mais técnico (e também mais difícil sobre gálatas) faz uma contribuição interessante que nos mostra a seriedade e relevância do assunto desta impactante epístola. O estudo diz que em Gálatas nós temos um tipo de “conteúdo forense/deliberativo”, que é o uso de expressões e palavras comuns a tribunais; um deles é a própria palavra “justificação” (que é aquela famosa declaração que atesta a inocência de alguém com respeito a algum crime). Aliás, Paulo não só defende o Evangelho da Graça que pregara até com sacrifício naquelas regiões, como se estivesse em um tribunal, mas, de fato no cerne do evangelho (como nos ensinou Lutero), está aquele “artigo pelo qual a igreja permanece de pé ou cai”, qual seja a doutrina da justificação somente pela fé, uma palavra comum nos tribunais daqueles dias.
Diante disso e do fato de que o próprio Paulo chama o evangelho que ele pregava de “mensagem de cruz”, podemos dizer que nós temos nesta carta uma “defesa da cruz”, elaborada por um bom advogado (diga-se de passagem, o melhor, se considerarmos quem fala através de Paulo).

Mais à frente, veremos em mais detalhes, mas vale a pena pelo menos citarmos hoje que o que Paulo defende aqui é:
a) O evangelho: as boas novas da salvação tão somente em Cristo Jesus
b) A fé (1.23): a única coisa realmente necessária diante do fato de que Jesus fez tudo de que precisávamos na cruz
c) A justificação pela fé: a aceitação por Deus do pecador apenas através da confiança na obra vicária do Salvador
d) Cristo como (3.24) como aquele que cumpre a lei por ele e por nós e nos isenta de fazê-lo, além de oferecer-se em nosso lugar para nos livrar da condenação que pesava sobre nós
e) Liberdade da condenação e para a obediência, conduzindo-nos a fazer o que jamais poderíamos por nossa conta, visto antes sermos escravos do pecado.
f) A graça de Deus revelada em seu plano eterno e a execução do mesmo para salvar pecadores por intermédio do Filho.

Em contra partida, o apóstolo bate de frente e corrige os seguinte erros:
a) O outro evangelho, que pode se aplicar a qualquer acréscimo ou distorção que se possa fazer ao Evangelho da Graça
b) Obras da lei: a pregação equivocada de que Deus estabeleceu que sua lei fosse o caminho para a salvação do pecador.
c) Obras da carne: a revelação de que o que o homem produz, naturalmente, são obras da carne; para produzir “obras do Espírito” ele precisa estar e andar no Espírito
d) A incircuncisão do coração disfarçada com a circuncisão na carne, o que podemos muito bem chamar de religiosidade vazia ou religião falsa (hipocrisia).
e) A libertinagem, que é a maldosa intenção de “baratear a graça” supondo fazer dela um meio de salvação sem a consequente mudança de vida, perdendo de vista “as boas obras que Deus preparou para que os santos andassem nelas” (Ef. 2).

CONCLUSÃO

Muitos tem considerado a carta aos gálatas um resumo de Romanos (as mesmas afirmações num espaço mais curto). Lutero, que foi profundamente impactado por ambos os escritos, é um bom guia pelo qual concluímos, para não corrermos riscos:
“Para Lutero o problema era o fato de os falsos apóstolos estarem pregando o evangelho mais a lei. Eles estavam corrompendo o ensino de Cristo pelo acréscimo de algo que era desnecessário. Ser cristão é confiar na obra salvadora de Jesus Cristo. Acrescentar qualquer coisa isso é duvidar do poder de Deus pela insinuação de essa confiança não é suficiente.”
Como veremos, Paulo não poderia se omitir diante de tal infâmia e falou com firmeza e convicção. E não era para menos, já que um “outro evangelho” não pode salvar.

Ecclesia reformata et semper reformanda est

Seguindo o princípio de nossos pais reformadores que, reconhecendo a realidade provisória da igreja em relação ao pecado, entenderam que a igreja precisava de uma reforma "radical" não só naqueles dias mas enquanto existir deste lado da eternidade, é que elaboramos este blog que tem o propósito de ensinar a sã doutrina das Escrituras Sagradas (também chamada de Teologia), pois é à luz da Inerrante e Suficiente Palavra de Deus que a igreja deve ser reformada e estar sempre se reformando, para se conformar à vontade do Dono da Igreja e alcançar a perfeita varonilidade em Cristo Jesus. Soli Deo Gloria